quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
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Insatisfação na caserna com o ajuste fiscal

Lula recebe no Alvorada o ministro da Defesa e os três comandantes militares para ouvir queixas sobre pacote de corte de gastos. A idade mínima de 55 anos para deixar a ativa é um dos pontos mais criticados

Lula quer um novo jato melhor e mais seguro

Depois do susto no México, quando houve uma pane na turbina do "Aerolula", presidente confirma que o avião usado para fazer viagens internacionais será substituído e que novas aeronaves servirão aos ministros

 

presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, ontem, que vai comprar não apenas um novo avião presidencial, mas também outras aeronaves para uso dos ministros de Estado. O petista argumentou que as autoridades do país não podem passar por sustos como o ocorrido há poucos dias, quando uma das turbinas do VC-1A — a principal aeronave da Presidência da República — sofreu uma pane pouco depois da decolagem, quando deixava o México de volta ao Brasil. Com os tanques cheios, a aeronave teve de sobrevoar o território mexicano por aproximadamente cinco horas até que pudesse pousar em segurança. A comitiva presidencial retornou no VC-2 ao país.

“Desse problema tiramos uma lição: vamos comprar não apenas um avião, mas é preciso comprar alguns aviões. Não dá para a gente ser pego de surpresa. Então, vamos nos preparar”, afirmou Lula, em entrevista à rádio O Povo/CBN, de Fortaleza.

Lula chamou o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para uma reunião assim que voltou ao Brasil, e pediu que apresentasse um plano para a compra das aeronaves. Além de um novo jato presidencial, ele quer comprar outras aeronaves para transportar os ministros. “A gente não governa o Brasil com os ministros ‘coçando’ lá em Brasília”, frisou. O alto escalão dos Três Poderes tem acesso a uma frota de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), com cerca de 20 jatos de pequeno porte, que só podem ser usados a serviço, para emergências médicas ou em caso de risco à segurança.

O primeiro estudo para a troca da aeronave presidencial foi feito em 2023. Há tempos Lula reclama do espaço interno do VC-1A, da autonomia de voo e do estado de conservação da aeronave, que já tem 18 anos de uso. Outra opção além da compra da nova aeronave é a adaptação de um Airbus A-330 da FAB para uso do presidente, porém os militares resistem a ideia de ceder à Presidência um dos KC-30 que estão trazendo brasileiros do Líbano, em função dos ataques das forças de Israel.

Assim que foi ventilada a hipótese da compra de uma nova aeronave, no ano passado, a oposição no Congresso acionou a Justiça para que a Presidência explicasse o levantamento. Lula abandonou então a ideia, mas a discussão foi retomada após a falha no motor do VC-1A. O preço mínimo estimado para a obtenção de um novo jato gira em torno dos R$ 400 milhões.

O presidente afirmou, na entrevista, que quando comprou a aeronave atual, escolheu a menor e mais barata, mas não fará isso desta vez. “Um presidente da República tem que se respeitar, a instituição tem que ser respeitada. E o Brasil é muito grande. Então, a gente não precisa que o presidente corra risco. Um avião para o presidente da República não é para o Lula, para o Fernando Henrique Cardoso, para o (Jair) Bolsonaro ou para quem for o presidente. O avião é para a instituição Presidência da República, quem quer que seja eleito”, argumentou.

Brincadeira

Na entrevista, Lula explicou como foi o incidente com o VC-1A. Disse que havia um barulho diferente na aeronave no momento da decolagem, mas houve um estrondo e um tremor quando o avião já estava no ar. Os pilotos contornaram a situação, mas a aeronave teve de voar em círculos para queimar combustível.

O presidente comentou que, ainda no ar, mandou servir comida aos seus convidados. E reconheceu que fez uma brincadeira de mau-gosto. “Todo mundo teve tempo de repensar a vida. Fiz uma brincadeira estúpida dizendo que era preciso comer, porque a gente não sabia se ia ter comida no céu. ‘Vamos comer agora enquanto tem aqui’. Graças a Deus, o avião pousou normalmente”, disse.

O VC-1A é uma aeronave modelo Airbus A319CJ, montada em Hamburgo (Alemanha) e cujo nome oficial é Santos-Dumont. O primeiro voo do jato foi em 15 de janeiro de 2005 e foi adquirido em 2004 e substituiu o chamado “Sucatão”, um Boeing 707-320c comprado no governo de José Sarney. O VC-1A tem projeto interno personalizado. A cabine é divida em três seções, tem 80m² e abriga uma suíte presidencial dotada de vários confortos — inclusive um pequeno boxe com chuveiro. Comporta 55 passageiros e foi apelidado de Aerolula, pois foi comprado no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. A Presidência da República tem um segundo jato, o VC-2, que é um Embraer 190, cujo nome de batismo é Bartolomeu de Gusmão. Foi incorporado em 2010.

 

Por Victor Correia do Correio Braziliense

Foto: Cláudio Kbene/PR / Reprodução Correio Braziliense

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