Foram contundentes as respostas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT aos ataques do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, chamado pelo deputado de “incompetente” e “desafeto pessoal”.
Lula reagiu, nesta sexta-feira, e, sem citar Lira, afirmou que “só de teimosia” Padilha seguirá no cargo. “Eu dizia o seguinte: esse é o tipo de ministério que a gente troca a cada seis meses, para que o novo (titular da pasta) faça novas promessas. Mas só de teimosia, o Padilha vai ficar muito tempo nesse ministério, porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade dentro do Congresso Nacional do que o companheiro Padilha”, declarou o presidente, durante solenidade de inauguração da nova sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em São Paulo.
O chefe do Executivo disse ainda que Padilha tem um trabalho “muito difícil”, e deu os parabéns “pela dedicação”. Ele classificou como normais as discordâncias e os embates do cargo com o Congresso.
A sexta-feira foi de manifestações em apoio a Padilha, que reagiu às críticas do presidente da Câmara ao seu trabalho e à sua pessoa. “Sinceramente, não vou descer a esse nível. Sou filho de uma alagoana arretada, que sempre disse que, se um não quer, dois não brigam”, frisou Padilha, em entrevista coletiva antes do evento Líderes em Energia, no Rio de Janeiro. O ministro também afirmou que a relação do governo federal com o Congresso foi um “sucesso” no ano passado.
Padilha citou um trecho de música do rapper Emicida para falar que não guarda rancor de Lira. “Quero repetir esse sucesso (no Parlamento), não tenho nenhum tipo de rancor. A periferia de São Paulo produziu uma grande figura, o Emicida, que diz: ‘O rancor é igual tumor: envenena a raiz, quando a plateia só deseja ser feliz'”.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), se solidarizou com o ministro. “Pela competência e capacidade, o ministro Padilha já serviu ao Brasil em inúmeras oportunidades, sempre dedicado à missão confiada. Solidariedade, companheiro. Estamos juntos”, escreveu a dirigente petista nas suas redes sociais.
O PT também saiu em defesa de seu filiado. Padilha é deputado federal pelo partido e está licenciado do mandato para ocupar o cargo na Esplanada. Em um comunicado, a legenda falou da necessidade de relações republicanas saudáveis para “superar o atual estágio de beligerância provocado por atitudes que desafiam a convivência política e social”, sem citar Lira.
“É inegável a competência e a capacidade do ministro Alexandre Padilha, tanto no atual governo quanto nas inúmeras oportunidades em que serviu aos interesses do povo brasileiro”, diz a nota do Diretório Nacional do PT. “Ao atacar o ministro, o deputado Arthur Lira compromete a liturgia do cargo de presidente da Câmara Federal e ofende a harmonia entre os Poderes da República.”
Na quinta-feira, Lira subiu o tom e tornou pública a dificuldade de relações que tem com Padilha, sempre criticado pelo presidente da Câmara nas conversas com seus pares e jornalistas. O deputado alagoano soltou sua ira contra o ministro de Lula após ser perguntado se a decisão de quarta-feira do plenário de manter Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) preso o enfraquecia no comando da Casa. Lira atribuiu essa versão ao governo, disse que Padilha estava espalhando mentiras e o chamou de “desafeto pessoal”.
Por Aline Gouveia, Ândrea Malcher, Victor Correia e Evandro Éboli do Correio Braziliense
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil / Reprodução Correio Braziliense