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Guerra no Rio: Megaoperação se torna a mais letal da história da cidade

A cidade do Rio de Janeiro foi palco, nesta terça-feira, da ação policial...

A cidade do Rio de Janeiro foi palco, nesta terça-feira, da ação policial mais letal da história da cidade, nos Complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte, com 64 mortos — entre eles, dois policiais civis e dois militares. A chamada Operação Contenção tinha como objetivo capturar lideranças da facção Comando Vermelho (CV), além de combater a expansão territorial da organização.

Os dois complexos alvos da megaoperação comportam 26 comunidades, onde moram mais de 200 mil pessoas. De acordo com as investigações, nesses locais estavam escondidas lideranças do CV de diversos estados. Criminosos reagiram à investida, e os confrontos transformaram a região em um cenário de guerra, levando pânico à população. A capital carioca entrou em Estágio 2 de Atenção — risco de ocorrência de alto impacto —, vivenciando extrema violência nas ruas, vias interditadas por criminosos e paralisação parcial de serviços.

Vídeos gravados por moradores mostram longos períodos de trocas de tiros. Criminosos construíram barricadas com veículos em chamas para impedir a passagem de agentes policiais. Também utilizaram drones para despejar explosivos contra as forças de segurança, o que transformou o local em um cenário de guerra. Houve impactos em vias como a Linha Amarela e a Avenida Brasil. Gravações mostram criminosos, em fila indiana, fugindo pela parte alta da comunidade.

Em coletiva de imprensa, o prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ) determinou que todos os órgãos municipais seguissem funcionando até o fim do expediente. No entanto, ele ressaltou o impacto direto no transporte público, alvo recorrente de retaliações criminosas, e reconheceu que motoristas e empresas de ônibus temiam colocar seus veículos nas ruas, para evitar incêndios e danos.

Com a paralisação de mais de 200 linhas de ônibus, muitas pessoas voltaram para casa a pé ou caminharam longas distâncias em busca de transporte alternativo. As estações de metrô ficaram superlotadas.

Segundo o governo do estado, a ação foi deflagrada “após mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento”, conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Em entrevista coletiva, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), acusou o governo federal de não ajudar o estado no enfrentamento ao crime organizado. “É uma operação maior do que a de 2010 e, infelizmente, desta vez, como ao longo deste mandato inteiro, não temos o auxílio nem de blindados, nem de nenhum agente das forças federais, nem de segurança, nem de defesa. A gente sozinho nessa luta, fazendo a maior operação da história do Rio de Janeiro”, enfatizou Castro. 

A operação desta terça-feira contou com mais de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar e 32 veículos blindados para que fossem cumpridos 100 mandados de prisão — desses, 30 são de criminosos de outros estados, com destaque para membros da facção no Pará — e 150 mandados de busca e apreensão. No entanto, um dos alvos da ação, Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, não foi encontrado. Ele é apontado como a principal liderança do CV no Complexo da Penha e em outras comunidades da Zona Oeste. 

As forças policiais confirmaram a morte de 56 suspeitos, sendo dois da Bahia e um do Espírito Santo — a letalidade superou a da ação em Jacarezinho, Zona Norte, que deixou 28 óbitos em 2021.

Narcoterrorismo

Entre os mortes, nesta terça-feira, estava Júlio Souza Silva, de 26 anos, envolvido com o CV no Nordeste de Amaralina, em Salvador, e No entanto, um dos alvos da ação, Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, não foi encontrado. Ele é apontado como a principal liderança do CV no Complexo da Penha e em outras comunidades da Zona Oeste, que cumpria pena em regime semiaberto após ser preso por tráfico de drogas.

A lista de presos incluiu Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão do Quitungo”. Ele é tido como o chefe do Morro do Quitungo e considerado o braço direito de Doca.

“Estamos atuando com força máxima e de forma integrada para deixar claro que quem exerce o poder é o estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem, trabalhadores. Seguiremos firmes na luta contra o crime organizado. O que estamos enfrentando não é mais crime comum, é narcoterrorismo. Os criminosos estão usando tecnologia de guerra: drones, bombas e armamentos pesados. Mas o estado está preparado”, destacou Castro.

O governo estadual garantiu que a operação contou com o apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro e “cumpre todas as medidas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF 635, como o uso de câmeras operacionais corporais e apoio de ambulâncias na região”.

Paes, por sua vez, afirmou que a responsabilidade primária pelas ações de segurança são das forças de segurança pública estaduais — polícias Militar e Civil —, e que o papel da prefeitura é de suporte e apoio. “Nós não podemos aceitar que esses grupos criminosos, enfim, tomem conta da cidade assim. Já é inaceitável a gente ver parte do território dominado. Agora, ver a cidade inteira paralisada por isso, não vai acontecer. A prefeitura vai continuar trabalhando”, ressaltou.

*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense

Foto: Mauro Pimentel/AFP

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