A reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, em Kuala Lumpur (Malásia), domingo, gerou repercussão positiva no governo federal e, também, movimentou as redes sociais de líderes políticos durante todo o domingo. O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, foi um dos primeiros a comemorar o encontro. Desde o início do tarifaço, ele tem sido o responsável pelas negociações entre o Palácio do Planalto e a Casa Branca em relação a esse assunto.
Por meio da rede social X, Alckmin escreveu que a agenda bilateral foi uma prova de que há “bons motivos para acreditar no diálogo”. “Foi mais um passo para Brasil e EUA estreitarem ainda mais seus laços de amizade”, comentou.
No Congresso, também houve reações. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que o encontro fortalece as relações entre os Estados Unidos e o Brasil. Para o parlamentar, o diálogo e a diplomacia voltaram a ser o centro das relações. “Cumprimento os presidentes Lula e Donald Trump pelo importante encontro de hoje (ontem). Fico feliz em ver que o diálogo e a diplomacia voltam a ocupar o centro das relações entre Brasil e Estados Unidos”, escreveu Motta em seu perfil no X.
“Quando líderes escolhem conversar, a História agradece. Foi assim nas grandes viradas do mundo, sempre pela palavra, nunca pelo silêncio. A Câmara continua à disposição de nossa diplomacia, votando assuntos importantes sobre o tema e comprometida em servir ao país”, afirmou.
Quem também elogiou o encontro foi o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O senador disse que o diálogo e a busca de um entendimento são fundamentais para o fortalecimento das relações e para o avanço da cooperação entre os países. “Avalio de forma muito positiva o encontro realizado hoje (ontem), na Malásia, entre o presidente Lula e o presidente Donald Trump. A relação de amizade entre Brasil e Estados Unidos é histórica e estratégica. Cumprimento a todos os atores que contribuíram para que chegássemos a este momento, que representa um marco importante de um processo que continua”, disse Alcolumbre.
“Falsos patriotas”
Os líderes do governo nas duas Casas do Congresso também se manifestaram. José Guimarães (PT-CE), líder na Câmara dos Deputados, disse que o encontro desarmou a crise “tramada por falsos patriotas contra nossa soberania”. Para ele, “as mentiras, que resultaram no tarifaço sobre nossos produtos e (em) sanções contra nossas autoridades, caíram por terra”. Já o líder no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que Lula demonstrou ser “um dos maiores estadistas do nosso tempo”. “Independentemente de quem esteja do outro lado da mesa, o Brasil e o nosso povo sempre estarão em primeiro lugar”, pontuou.
Bolsonaro citado
Antes da reunião, Trump e Lula foram perguntados sobre a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente norte-americano disse que sempre gostou de Bolsonaro e que sente muito pelo que aconteceu com ele, enquanto um Lula contrariado balançava a cabeça negativamente para os repórteres. “Sempre achei ele uma pessoa direta. Ele está passando por muita coisa”, disse. Uma repórter, então, perguntou se Bolsonaro seria tema da reunião. “Não é da sua conta”, respondeu Trump.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde o início do ano para pleitear sanções ao Brasil, disse que o presidente brasileiro ficou desconfortável quando o tema da prisão do pai dele foi levantado. “Lula encontra Trump e, na mesa, um assunto que claramente incomoda o ex-presidiário: Bolsonaro. Imagine o que foi tratado a portas fechadas?”, perguntou Eduardo em um dos posts sobre o encontro. “Interessante laço entre Trump e Bolsonaro é a empatia: a capacidade de Donald Trump de se colocar no lugar de Jair Bolsonaro e imaginar que, quando sair da Presidência, Lula e sua equipe apoiarão a lawfare que certamente Trump sofrerá”, disse.
O líder da oposição na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), saiu em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro depois do encontro entre Lula e Trump. Apesar de o filho 03 do ex-presidente ter feito lobby por sanções ao Brasil e comemorado o tarifaço, Sóstenes disse que o encontro entre Trump e Lula demonstrou, para ele, que as sanções contra o Brasil devem ser creditadas na conta do presidente brasileiro.
“Para aqueles que diziam que o tarifaço era culpa de Eduardo Bolsonaro, hoje fica provado que nunca foi. Há meses o Brasil paga o alto preço da falta de humildade de um descoordenado presidente que arrogantemente não quis negociar logo o tarifaço. Hoje está provado que a culpa é do descoordenado Lula”, disse o parlamentar.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Cadu Gomes/VPR