O documentário “A Vizinha Perfeita” estreou na Netflix na última semana e já ocupa o quinto lugar entre os longas mais assistidos da plataforma.
Feito quase exclusivamente a partir de imagens de câmeras corporais da polícia e áudios de ligações para o serviço de emergência, a produção mostra como a relação de uma mulher com sua comunidade de vizinhos se deteriora até resultar em um assassinato.
O documentário retrata o caso do assassinato de Ajike “AJ” Owens, uma mulher negra, mãe de quatro filhos que morava em Ocala, na Flórida. Owens foi morta a tiros por uma de suas vizinhas, Susan Lorincz, uma mulher idosa branca que constantemente se envolvia em desentendimentos com outros moradores por conta de crianças brincando no terreno próximo à sua casa.
“Esse crime chocante deixou minha família e eu mergulhados em tristeza e confusão”, disse Geeta Gandbhir, diretora do documentário, em entrevista ao site da Netflix. “A comunidade de Ajike era unida, enraizada no apoio mútuo e na confiança. Foi de partir o coração testemunhar como um ambiente tão unido pôde se desfazer de forma tão catastrófica.”
Qual a história mostrada no documentário?
As imagens das câmeras corporais dos policiais apresentam o cotidiano de um bairro calmo, com vizinhos unidos e crianças que ainda brincam juntas na rua. A exceção é Susan, que chama a polícia recorrentemente por conta das crianças que tem o costume de brincar em um terreno ao lado de sua casa.
Em uma noite, Susan discute com um dos filhos de Ajike, e quando esta decide bater na porta da vizinha para conversar sobre o ocorrido, é atingida por um tiro disparado de dentro da casa da vizinha, através da porta fechada.
O crime levantou novamente o debate sobre as chamadas leis “stand your ground”, presentes em mais da metade dos estados EUA. A legislação vigente na Flórida permite que indivíduos usem força letal se sentirem que suas vidas estão em perigo, mesmo que eles possam se refugiar em segurança ou estejam fora de sua propriedade.
Mesmo confessando ter atirado contra Ajike através da porta fechada de sua casa, Susan demorou alguns dias para ser presa, enquanto as autoridades investigavam se o caso se enquadraria nos critérios da lei “stand your ground”.
Após quatro dias de investigação, a polícia prendeu Lorincz. No julgamento em 2024, ela foi considerada culpada de homicídio culposo e sentenciada a 25 anos de prisão.
Por Revista Plano B
Fonte CNN Brasil
Foto: Divulgação/ Netflix