A cantora e rapper Lauryn Hill foi figura fundamental à ascensão do neo soul nas rádios ao redor do globo nos anos 1990, acompanhada por colegas como Erykah Badu, Maxwell e, claro, D’Angelo — cantor, compositor e multi-instrumentista que foi pioneiro no setor e morreu aos 51 anos na terça-feira, 14 de outubro, após batalha contra o câncer no pâncreas. Enlutada, Hill se juntou ao coro de artistas que lamentam a perda na noite de segunda-feira, 14, e disse se arrepender de não ter passado tempo o suficiente com o músico.
“Sua beleza e seu talento inegáveis eram de outro mundo. Uma presença extraterrestre como essa precisa de proteção em um mundo que cobiça a luz e a unção divina. Você nos comoveu, nos remexeu, nos inspirou e até mesmo intimidou com sua genialidade aqueles que não queriam agir. Obrigado por ser uma fonte de luz para uma geração e outras mais que não carregavam o legado do que veio antes de nós. Obrigado por desbravar o caminho e por abrir espaço para outros em uma era na qual nada igual existia. Você imaginou uma união de força e sensibilidade dentro da masculinidade preta em frente a uma geração que via as duas qualidades como mutuamente exclusivas. Rezo de coração para que esteja em paz, longe do egoísmo, do medo e/ou dos interesses controladores. Distante da possessividade, da ganância, da manipulação, da exploração, do caos intencionalmente desenhado. Que você, irmão, esteja serene na luz e satisfação eterna ao lado de Deus. Amo-te e sinto sua falta”, escreveu a artista no X, antigo Twitter.
D’Angelo é um dos colaboradores presentes no único álbum de estúdio lançado por Hill em carreira solo, o apoteótico The Miseducation of Lauryn Hill (1998). A voz do cantor está presenta na faixa Nothing Even Matters.
Nascido Michael Eugene Archer, D’Angelo lançou três discos próprios: Brown Sugar (1995), Voodoo (2000) e Black Messiah (2014). Entre seus hits está Untitled (How Does It Feel), cujo clipe marcou época por ser filmado de uma vez só, com o artista nu dentro de um estúdio. Em sua obra, ele transitava entre a sensualidade, a politização e a espiritualidade ao mesmo tempo em que experimentava com os limites de seu gênero musical. O termo “neo soul” foi criado, justamente, para categorizar e divulgar Brown Sugar.
Por Revista Plano B
Fonte Veja
Foto: X/Reprodução
