O emprego formal seguiu em crescimento no mês de agosto e o saldo positivo de novos postos de trabalho ocupados em 2025 atingiu o número de 1,5 milhão de pessoas. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na pesquisa de Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Somente no mês de agosto, o país obteve o saldo de 147,3 mil empregos com carteira assinada, como consequência de 2,23 milhões de admissões e 2,09 milhões de desligamentos. O número, no entanto, veio menor que no mesmo mês do ano anterior, quando o crescimento foi de 239 mil.
Com 1,5 milhão de novos postos no ano, houve um avanço de 3,18% do número de empregados em relação a dezembro de 2024. Dos cinco principais setores da economia, quatro registraram crescimento em comparação ao mês anterior. Os serviços tiveram alta de 0,34%, com 81 mil novas vagas, enquanto que o comércio avançou 0,30% com 32 mil novos postos de trabalho. Completam a lista a indústria (0,21% e 19 mil) e a construção (0,57% e 17 mil).
Em 25 unidades da Federação, o saldo de empregos formais em agosto foi positivo, com São Paulo liderando em termos absolutos, com 45 mil novos postos, seguido por Rio de Janeiro (16 mil) e Pernambuco (12 mil). Em relação às variações percentuais, o maior crescimento veio da Paraíba, com expansão de 1,61%, seguida por Rio Grande do Norte (0,98%) e Pernambuco (0,82%). O Caged também apontou que, do número total de postos de trabalho gerados, 75,1% são considerados típicos e 24,9% não típicos. Os destaques no mês vieram do crescimento de 40,5 mil em trabalhadores com jornada de até 30 horas por semana e de 20 mil novos aprendizes.
Em agosto, o salário real médio de admissão chegou a R$ 2.295,01, o que representa um avanço de R$ 12,70, ou 0,56%, na comparação com o mês anterior, quando era de R$ 2.282,31. Nos recortes por grupos populacionais, as mulheres lideraram o crescimento no mês passado, com 77.560 novas vagas, ante 69.798 postos criados entre os homens. Empregos com carteira assinada entre adolescentes de até 17 anos, tiveram um avanço de 33.710 novos postos, sendo 19.908 destinados a aprendizes. Pessoas com nível médio completo representaram 96.442 novas vagas, enquanto que a população com deficiência registrou um saldo positivo de 820 vínculos.
Na avaliação do mestre em Economia e Finanças pela Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV/EPGE) Rodolpho Tobler, o crescimento do número de vagas criadas em agosto é um reflexo direto do crescimento da atividade econômica. “A gente teve principalmente no primeiro semestre um ritmo de geração de vagas muito positivo, porque a gente já vinha em um ritmo de crescimento da economia muito favorável, também”, destaca o especialista, que acredita em uma manutenção do ritmo atual de contratações, em consonância com uma atividade econômica mais forte.
De outra forma, Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, acredita que os dados publicados ontem confirmam que há um processo de desaceleração da atividade econômica que começa a mostrar seus primeiros sinais sobre o mercado de trabalho. “Entretanto, acreditamos que a taxa de desemprego ficará baixa por mais algum tempo, reforçando a visão de que o setor segue com pouca ociosidade”, pontua Serrano.
Ainda sobre as explicações para o resultado do mês passado, o professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) André Mancha acredita que ainda há uma grande interrogação sobre o aumento de postos formais. “Seria também pouco provável que a gente tivesse uma geração de empregos tão grande em um cenário de trabalho que tem poucas pessoas disponíveis”, acredita.
Um dos cenários avaliados pelo professor é o de mais pessoas saindo da informalidade para empregos formais, o que, segundo Mancha, seria um quadro mais benéfico para a economia. “O que a gente consegue afirmar é que o mercado de trabalho formal dá um leve sinal de esfriamento, mas tem que acompanhar os próximos meses para saber se isso vai ser um movimento continuado.”
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Valdo Virgo