Um novo estudo apresentado na Reunião Anual da Sociedade Americana de Radio-Oncologia (Astro), em São Francisco, aponta que a combinação de radioterapia corporal estereotáxica (SBRT) com uma terapia radioligante direcionada ao PSMA — proteína encontrada em alta concentração nas células do cancro da próstata — pode mudar o tratamento do câncer de próstata recorrente. A pesquisa, conduzida pelo UCLA Health Jonsson Comprehensive Cancer Center, mostrou que a estratégia dobrou o tempo de controle da doença em comparação com a radioterapia isolada.
Os homens que receberam a terapia radioligante permaneceram em média 17,6 meses sem progressão do câncer, contra 7,4 meses entre os pacientes que fizeram apenas SBRT. O resultado representa um avanço significativo, já que prolonga o intervalo antes da necessidade de iniciar a terapia hormonal, tratamento associado a efeitos adversos como fadiga e perda óssea.
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre homens em todo o mundo. No ano de 2023, somente no Brasil, mais de 70 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença. Em parte dos casos a doença retorna anos após o tratamento inicial, em um estágio conhecido como doença oligo recorrente, quando surgem apenas algumas novas lesões.
A SBRT já vinha sendo utilizada nesses casos por permitir atingir diretamente os tumores visíveis, preservando tecidos saudáveis. No entanto, a presença de células microscópicas não detectadas por exames de imagem faz com que muitos pacientes acabem enfrentando o reaparecimento da doença.
A aposta dos pesquisadores foi combinar a precisão da SBRT com a ação do medicamento radioativo PNT2002, capaz de se ligar ao PSMA. O objetivo foi atacar não apenas as lesões detectáveis, mas também as áreas microscópicas da doença.
O estudo de fase 2, batizado de LUNAR, acompanhou 92 homens com câncer de próstata recorrente. Eles foram divididos em dois grupos: um recebeu apenas SBRT e o outro passou por duas doses do radioligante antes da radioterapia. A evolução foi monitorada por exames de sangue e tomografias.
A adição da terapia radioligante reduziu em 63% o risco de progressão, da necessidade de tratamento hormonal ou de morte. O ganho foi observado em diferentes perfis de pacientes, sem registro de aumento expressivo de efeitos colaterais.
Mesmo com os avanços, 64% dos participantes ainda apresentaram progressão da doença, o que mostra que o desafio das células microscópicas continua. Ainda assim, o estudo reforça que intervir mais cedo com terapias radioligantes pode significar a salvação e abrir novas possibilidades de tratamento no futuro.
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Pixabay