Caio Oliveira de Sena Bonfim já não marcha apenas para vencer provas, mas para eternizar o nome na história do atletismo. Na noite desta sexta-feira (19/9), manhã em Tóquio, o atleta de Sobradinho coroou a trajetória com o ouro nos 20km da marcha atlética e alcançou a quarta medalha em Mundiais, tornando-se o brasileiro com mais pódios em uma das competições mais prestigiadas do planeta. A vitória, com o tempo de 1h18m35s, não é só estatística: é símbolo de uma carreira construída com disciplina, resiliência e a capacidade rara de transformar desafios em feitos inesquecíveis.
Do cerrado de Sobradinho às luzes de Tóquio, Caio subirá ao pódio pela quarta vez na história do Mundial. A conquista dourada se junta à prata dos 35km (também faturada na capital japonesa, há uma semana) e aos bronzes dos 20km das edições de Budapeste-2023 e Londres-2017. Claudinei Quirino surge logo atrás na estatística, com três medalhas. O feito do brasiliense o reafirma não apenas como o principal nome do país na marcha, mas um lugar de referência no cenário do atletismo internacional.
Caio Bonfim esbanjou força e talento nas ruas de Tóquio. Número dois do mundo no ranking da modalidade, o atleta de Sobradinho demostrou tranquilidade desde a largada da disputa, efetuada na pista do Estádio Nacional da capital japonesa. Na corrida, o marchador utilizou estratégia parecida à adotada nas consagrações anteriores do Mundial de Atletismo e na prata faturada nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
Com ritmo cadenciado, o brasiliense largou junto ao pelotão para observar o ritmo das passadas dos concorrentes. Permaneceu nesse panorama por mais de 30 minutos, sempre se mantendo próximo de quem liderava. Em uma das passagens pela zona de hidratação, ao ser “alertado” do desenho da prova, deu o tom de como planejava retomar. “Eu sei o que estou fazendo”, destacou, em fala flagrada pela reportagem do SporTV na capital japonesa.
Aos 54 minutos da desgastante prova sob a alta umidade de Tóquio, Caio Bonfim decidiu sentir pela primeira vez o gosto de liderar o pelotão. Apertou os passos, ultrapassou os adversários e se posicionou à frente. O brasiliense permaneceu em primeiro por cinco minutos, quando diminuiu o ritmo e caiu para sexto lugar. De lá, sempre mantendo contato visual, testemunhou adversários diretos serem punidos e saírem da disputa por medalhas.
Sem faltas flagradas pela arbitragem, tinha passe livre para acelerar o ritmo nos quilômetros finais. O feito ficou para os três quilômetros derradeiros. Passo a passo, Bonfim ultrapassou cada um dos adversários à frente. Em ritmo acelerado, o brasiliense tomou a liderança no quilômetro final da prova. Consciente na intenção de fazer história, manteve o sprint veloz. A entrada no Estádio Nacional foi apotéotica. Ao passar em primeiro, invadiu de vez o panteão dos imortais, com direito a escrever o feito com detalhes dourados.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Philip Fong/AFP