No mês de conscientização sobre o linfoma, lembrado em 15 de setembro, histórias como a de Francisco Janailson Rodrigues, de 39 anos, mostram a importância do diagnóstico precoce e do acesso rápido ao tratamento. Portador de linfoma de Hodgkin, ele descobriu a doença após semanas de febre, dores e perda de peso.
“Cheguei a perder 17 quilos. No início, pensei que fosse outra condição, mas depois da biópsia veio o diagnóstico. Estou no meu primeiro mês de tratamento e já sinto a diferença de estar em um lugar onde nada falta e todos se dedicam a cuidar da gente”, conta.
Francisco realiza duas sessões de quimioterapia por mês, previstas para se estenderem por seis meses. Até agora, não apresentou efeitos colaterais relevantes e mantém confiança na recuperação. “Estou conseguindo me alimentar bem, não tive fraqueza nem vômitos. O mais importante é o acolhimento: a equipe é muito atenciosa e sempre disponível para esclarecer dúvidas. Isso nos dá tranquilidade”, acrescenta.
Casos como o dele recebem acompanhamento especializado no Centro de Infusão Verinha do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), unidade gerida pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF). O espaço é referência em terapias oncológicas e hematológicas, garantindo acesso a medicamentos e atendimento humanizado para pacientes diagnosticados com linfoma.
Cresce número de atendimentos
Entre janeiro e julho, o HBDF registrou 979 pacientes com linfoma, alta de 10,4% em relação ao mesmo período de 2024 (887 casos). O volume de consultas também subiu: foram 3.264 no primeiro semestre deste ano, contra 2.409 no mesmo período do ano passado, um aumento de 35,5%.
Em todo o ano de 2024, a unidade havia contabilizado 1.238 pacientes e 4.457 consultas. Nos sete primeiros meses de 2025, já foram atingidos 79% do total de pacientes e 73,2% das consultas realizadas no ano anterior, evidenciando crescimento contínuo da demanda.
Categorização dos linfomas
De acordo com Luiz Henrique Ramos, chefe do Serviço de Hematologia, Hemoterapia e Transplante de Medula Óssea do HBDF, o linfoma é um grupo de doenças linfoproliferativas que afetam o sistema linfático. Divide-se em duas categorias principais: linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin, cada uma com diversos subtipos.
“Alguns casos são de crescimento lento, e que permitem apenas acompanhamento, mas outros são agressivos e exigem tratamento imediato. Nossa equipe está preparada para atuar em todas as variações da doença”, afirma.
O diagnóstico costuma começar pela suspeita clínica, geralmente devido ao aumento de gânglios em regiões como pescoço, axilas ou virilha, associados a sintomas como perda de peso, febre e sudorese noturna. “A confirmação vem com biópsia do gânglio, seguida de exames complementares como tomografia, sorologias e, em muitos casos, o PET-CT, disponível no HBDF e essencial para determinar extensão e localização do câncer no corpo, e o acompanhamento”, explica Ramos.
O tratamento é definido de forma individualizada e pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea. “A quimioterapia, em geral, é feita de forma ambulatorial, mas alguns casos exigem internação. Já o transplante é indicado quando há recidiva ou em situações específicas. Estamos em processo de credenciamento para realizar transplantes no HBDF, o que trará mais agilidade e integração no cuidado”, completa o especialista.
Agilidade no cuidado humano
No Centro de Infusão Verinha, os pacientes encontram não apenas tecnologia, mas também agilidade e acolhimento, destaca Larissa Dias, chefe de Enfermagem do Ambulatório Onco-Hematológico.
“Ampliamos a capacidade de tratamento e hoje conseguimos iniciar a quimioterapia logo após a primeira consulta. Isso é crucial, já que o linfoma pode ser agressivo e exige início rápido da terapia”, afirma.
O papel da enfermagem é central: além de monitorar pacientes durante a infusão, a equipe mantém acompanhamento telefônico para avaliar reações, orientar sobre sinais de alerta e garantir a continuidade do tratamento. “Nosso objetivo é oferecer cuidado integral. Monitoramos sinais vitais, avaliamos o acesso venoso, orientamos sobre hidratação e alimentação e encaminhamos para serviços de apoio, como nutrição e psicologia. Estamos presentes em todas as etapas”, reforça.
Para os pacientes, essa dedicação significa não apenas receber medicamentos, mas também recuperar esperança e qualidade de vida. “O maior diferencial é o cuidado humano aliado ao conhecimento técnico. O tratamento é exigente, mas aqui conseguimos dar ao paciente a confiança de que ele não está sozinho”, conclui Larissa.
*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)
Por Revista Plano B
Fonte Agência Brasília
Foto: Alberto Ruy/IgesDF