Acordar com a boca seca pode parecer apenas um detalhe do sono, mas dentistas alertam que o sintoma pode ser um sinal importante de que algo não vai bem. A respiração bucal, o ronco, a apneia do sono e até doenças como diabetes podem estar por trás do ressecamento da boca ao acordar.
Segundo a dentista especialista em sono Lílian Carvalho, a principal causa está no modo como respiramos durante a noite. Ela explica que “quando a pessoa respira pela boca, o fluxo de ar resseca a mucosa, diminuindo a proteção natural da saliva”. Esse ressecamento pode ocorrer por obstruções nas vias aéreas, uso de certos medicamentos, pouca ingestão de água ou até pelo envelhecimento.
A dentista Ilana Marques reforça que a respiração bucal é um dos principais fatores, mas não o único. “Durante o sono, o fluxo constante de ar resseca as mucosas, especialmente em pessoas com ronco ou apneia”, afirma. Segundo ela, também existem causas ligadas à odontologia, como bruxismo, aparelhos ou próteses mal adaptados e até alterações nos freios orais que dificultam o fechamento completo da boca.
Risco para a saúde bucal e geral
O ressecamento da boca não afeta só o conforto do sono, também pode trazer consequências sérias. Ilana Marques alerta que “a saliva é fundamental para a proteção da boca: ela ajuda na limpeza, no equilíbrio do pH e na defesa contra bactérias. Quando há pouca saliva, aumentam os riscos de cáries, mau hálito, doença periodontal e até dificuldades na mastigação e na fala.”
Além disso, dormir de boca aberta pode ser sinal de distúrbios do sono. Para Lílian Carvalho, “o mais importante é não ignorar esse sinal. Quando é algo frequente, precisa ser investigado, porque a boca seca constantemente afeta não somente o sono, mas também a saúde bucal, saúde geral e a qualidade de vida dos pacientes”.
Quando procurar ajuda
Medidas simples podem ajudar a reduzir o problema, como manter-se hidratado, evitar álcool e cafeína à noite ou usar umidificador no quarto. No entanto, em muitos casos é necessário investigar a fundo. De acordo com Lílian Carvalho, “o primeiro passo é uma avaliação clínica detalhada feita pelo dentista do sono e o médico do sono. Se houver suspeita de distúrbio do sono, o exame mais indicado é a polissonografia”.
Ilana Marques acrescenta que o acompanhamento multidisciplinar pode ser decisivo. “Quando a causa é o ronco, a apneia ou uma alteração mais complexa, é importante buscar tratamento especializado. Muitas vezes, só o trabalho conjunto de dentista, otorrino e pneumologista garante o sucesso do tratamento”, diz.
Sintoma que não deve ser ignorado
Medicamentos de uso contínuo e doenças sistêmicas também podem agravar a boca seca. Ilana Marques lembra que “vários medicamentos reduzem o fluxo salivar, assim como doenças como diabetes e até tratamentos contra o câncer”.
Por isso, acordar com a boca seca não deve ser visto apenas como um detalhe do sono, mas como um sinal de que algo no organismo não está funcionando da melhor forma.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
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