Tem pai que acorda com o rock no último volume, camiseta preta no corpo e paixão pela guitarra no peito. Outro é vaidoso, cuida do cabelo e se perfuma. Tem pai que não vive sem o basquete, e outro que adora animais. Tem pai que gosta de bike e te ensina a pedalar. Outro fala pouco, mas diz tudo com um gesto. Neste Dia dos Pais, a homenagem vai para todos eles.
É com esse carinho que Ana Luiza Barreto, 23 anos, fala do pai vaidoso que tem, o José Luiz Barreto, 58. “Ele está sempre cuidando da saúde. Vai ao médico com frequência, faz check-ups, cuida da pele, do visual, da imagem que transmite. Barba feita, cabelo cortado toda semana. Ele é, para mim, a definição de cuidado e vaidade”, conta.
Mas o pai dela é mais que cuidar da aparência. É presença. “É uma das pessoas mais articuladas e simpáticas que conheço. Onde ele vai, faz amigos. Está sempre disposto a ajudar. É tudo que eu quero ser: alguém que inspira, que toca os outros com generosidade”, ressalta. Entre os ensinamentos que ela leva para a vida, um se destaca. “Sempre ajudar. Porque a gente nunca sabe o dia de amanhã”, diz Ana.
Ana ainda não escolheu o presente, mas faz uma ideia. “Ele é daquele tipo que tem tudo. Mas é uma pessoa muito emotiva, sei que até uma carta o faria chorar. Se eu pudesse escolher qualquer coisa, daria uma viagem de 90 dias para ele conhecer todos os lugares que sonha em visitar”, revela.
O que mais admira no pai é a resiliência. “Ele nasceu em um lugar muito pobre, teve infância difícil, começou a trabalhar cedo, mas nunca deixou os estudos de lado. Fez faculdade, mestrado e hoje faz doutorado. Um homem negro que venceu muitos obstáculos, sempre de cabeça erguida, sabendo onde queria chegar. Ele é a maior inspiração que eu tenho”, acrescenta Ana.
José Luiz também é pai de Ana Gabriela Barreto, 29, e tem manias que divertem as filhas. “Ele é muito carinhoso. Sempre pede beijo e abraço antes de sair. Quando digo que estou com pressa, ele finge chorar e fala: ‘Você nunca tem tempo para mim’. E repete isso toda vez. É hilário”, diz.
O atleta
Para Gabriela Aleixo, 26, o pai, Marcos Batista, 58, é sinônimo de esporte e vitalidade. “Sempre foi ligado ao esporte. Meu avô era militar, e, nas mudanças constantes, o esporte era o que o ajudava a fazer amigos. Até hoje mantém amizades de infância”, conta.
Formado em educação física, Marcos deu aula por um tempo antes de ser concursado, mas nunca deixou a vida esportiva. “Faz musculação, joga futebol e basquete. Participa de campeonatos master e, este ano, representou o Brasil no Mundial de Basquete da categoria, na Suíça”, conta Gabriela, orgulhosa.
A energia impressiona. “Quando falo que ele tem 58 anos, ninguém acredita. Corre mais que muito garoto de 25”, brinca. Se pudesse dar qualquer presente, ela não hesita: “Uma viagem com ingressos para ver os Lakers e o LeBron James ao vivo. Mas, por enquanto, o orçamento não permite, por isso dará “uma roupa de academia e um chocolate mesmo.”
As lembranças engraçadas não faltam. “Ele adora imitar o Sidney Magal. Do nada, coloca Meu sangue ferve por você para tocar e começa a dançar para minha mãe, com a voz grossa e cheia de charme. Apesar de ser sério, ele não tem vergonha de se divertir”, relata. Marcos também é pai de Marcos Vinícius Aleixo, 22.
Rock na veia
Para Igor de Almeida Fontes, 22, ter o pai Miguel Barbosa Fontes, 56, como companheiro de banda é um presente raro. Eles formam a Ressignificance juntos. “Meu pai viveu o auge do rock em Brasília nos anos 1980. Ganhou um vinil do Led Zeppelin IV e nunca mais foi o mesmo. Quando escuta Robert Plant, diz: ‘É isso. Isso sou eu’.”
O que mais admira nele é a persistência. “Quando aprende algo novo, ele se dedica todos os dias até dominar. E essa determinação também se volta para mim. Ele me incentiva a correr atrás dos meus sonhos, mesmo os mais malucos”, diz.
Durante a pandemia, Igor decidiu, de repente, que queria compor músicas. “Meu pai não só apoiou, como entrou no projeto. Mesmo ocupado, ele sempre deu 100%. Às vezes, se esforçava até mais do que eu”, acrescenta.
Um marco na vida de Miguel foi o Rock in Rio de 1985. “Ele viu os grandes nomes do rock, mas perdeu o show do Queen, até hoje é um assunto sensível em casa”, ri Igor. Se pudesse dar o presente perfeito, seria o vinil do show The Song Remains the Same, autografado por Robert Plant. “Mas como isso ainda não dá, uma camisa do Flamengo deixa ele feliz”, afirma.
Comércio otimista
A expectativa para o Dia dos Pais de 2025 é de crescimento no comércio do Distrito Federal. Pesquisa do Instituto Fecomércio-DF aponta que 55,6% dos lojistas acreditam que venderão mais do que no ano passado. Outros 39,2% esperam manter o mesmo volume, e apenas 5,2% preveem retração.
Do lado dos consumidores, 54,6% pretendem comprar presentes. Entre as mulheres, o índice sobe para 60%. O valor médio de gasto será de R$ 240,45, um aumento de 17% em relação a 2024. As mulheres puxaram a alta, com aumento de 30,5% no valor médio de compra.
Entre os que não vão presentear (45,4%), os motivos são: ausência de alguém para homenagear (59,3%), dificuldades financeiras (4,9%) e outras prioridades de consumo (9,3%).
“O otimismo reflete o bom momento do mercado de trabalho no DF, com mais empregos e reajustes salariais”, afirma José Aparecido Freire, presidente do Sistema Fecomércio-DF.
Segundo levantamento do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), o crescimento nas vendas deve ser de 9,5%, com gasto médio de R$ 219 por presente. O valor total dos presentes deve chegar a R$ 172 milhões, superando os R$ 163 milhões de 2024. A maioria dos consumidores vai pagar com cartão (62%), seguido por Pix (21%) e dinheiro (17%).
De acordo com o Sindivarejista, roupas, perfumes, calçados e produtos para barba e cabelo lideram a lista de itens mais procurados. As lojas de rua poderão abrir normalmente no domingo, e os shoppings funcionarão em horário habitual, segundo o sindicato.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Material cedido