Diante das sinalizações do governo brasileiro para negociar com autoridades norte-americanas o recuo no aumento de 50% a produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ponderou, nesta terça-feira (29/7), que a “soberania” nacional não está na mesa de conversas.
“O Brasil que negociar, mas a soberania não é moeda de troca”, garantiu o ministro, em entrevista à rádio Serra Dourada, de Ipirá, na Bahia. “Nunca, na história das relações diplomáticas, uma comunicação entre nações foi feita como agora: por meio de uma carta publicada em uma rede social, tratando de temas inegociáveis — incluindo uma intromissão indevida em julgamento conduzido pela Justiça brasileira”, continuou o ministro, que publicou uma postagem em seu perfil no X, após a entrevista.
A justificativa usada pelo líder da Casa Branca, Donald Trump, para taxar os produtos importados do Brasil foi o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de estado.
A três dias para a vigência das tarifas a produtos brasileiros, os Estados Unidos não sinalizam para uma negociação com autoridades brasileiras. Desde segunda-feira (28), senadores, empresários e autoridades brasileiras encontram-se nos EUA em busca de conversar com representantes do governo norte-americano.
A insistência do Brasil em conversar com representantes comerciais dos EUA foi manifestada por Rui Costa, em sua publicação. “Estamos dispostos a conversar, mas, até agora, os canais permanecem fechados”, escreveu.
Confira a publicação completa:
“O BRASIL QUER NEGOCIAR, MAS NOSSA SOBERANIA NÃO É MOEDA DE TROCA – Hoje, durante entrevista, voltei a reforçar que não há justificativa econômica para o anúncio do presidente dos Estados Unidos sobre a imposição de tarifas ao Brasil, especialmente considerando que os EUA acumularam um superávit de 400 bilhões de dólares nos últimos 15 anos, na relação comercial com o nosso país.Nunca, na história das relações diplomáticas, uma comunicação entre nações foi feita como agora: por meio de uma carta publicada em uma rede social, tratando de temas inegociáveis – incluindo uma intromissão indevida em julgamento conduzido pela Justiça brasileira. Outro assunto citado na carta é um tema que o Brasil está discutindo e irá regulamentar com autonomia: a atuação das chamadas big techs. A soberania nacional não se negocia. Ontem mesmo realizamos uma reunião com o presidente @lulaoficial. Estamos tranquilos e tratando de diversas medidas voltadas à proteção das empresas e dos produtores brasileiros, ao fortalecimento e à diversificação das relações comerciais internacionais, ao adensamento da nossa cadeia produtiva industrial, além de medidas de reciprocidade, caso as tarifas sejam confirmadas. Guerra comercial não é boa para ninguém. Gera prejuízo para todos – inclusive para os EUA. Eles consomem suco de laranja do Brasil. Se houver a taxação de 50%, os americanos vão pagar mais caro pelo produto. Eles compram carne, café. Vai ter repercussão na inflação americana também. Prejudica o povo americano e a economia brasileira. Estamos dispostos a conversar, mas, até agora, os canais permanecem fechados. Uma missão de senadores – inclusive o senador @jaqueswagner, com quem tenho conversado – está nos EUA para tentar negociar, No entanto, a sinalização por lá é de que o assunto está restrito à Casa Branca.Boa parte dos produtos brasileiros tem potencial para ser realocada em outros mercados, a exemplo do aço e das frutas. Vamos trabalhar firme, com o grupo dedicado a esse tema para que a gente possa redirecionar as exportações brasileiras e, se necessário, adotar as medidas de reciprocidade.”
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Platobr