Outros posts

Missão e CNI constróem pontes contra tarifaço, mas Flávio busca a anistia

A missão oficial do Senado desembarca, segunda-feira, em Washington, para manter contatos cujos resultados, se...

A missão oficial do Senado desembarca, segunda-feira, em Washington, para manter contatos cujos resultados, se não forem suficientes para evitar que o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump entre mesmo em vigor na próxima sexta-feira, ao menos que se abram caminhos para futuras negociações. Por três dias, o grupo terá reuniões com congressistas norte-americanos, lideranças empresariais, representantes de organismos multilaterais e autoridades do Executivo dos Estados Unidos, incluindo o Escritório do Representante Comercial e, possivelmente, o Departamento de Estado. A agenda prevê reuniões na Embaixada do Brasil na capital norte-americana e na sede da U.S. Chamber of Commerce, em articulação com o Brazil-U.S. Business Council.

O principal objetivo da comitiva, segundo o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado e que está à frente da comitiva, é de construção e o diálogo. “A missão reafirma o compromisso do Brasil com uma parceria histórica, estratégica e baseada na confiança. Não viemos confrontar, mas promover diálogo qualificado. Queremos evitar prejuízos para empregos, cadeias produtivas e relações de longo prazo”, afirma.

Segundo Nelsinho Trad, a diplomacia parlamentar se torna necessária em um momento em que os canais tradicionais encontram dificuldades. “O Itamaraty tem feito esforços, mas ainda não houve resposta formal dos EUA. O Senado atua dentro de seu papel constitucional para evitar o agravamento da crise. Quando a via diplomática se fecha, a diplomacia parlamentar precisa agir com maturidade e legitimidade”, explicou.

A delegação inclui os senadores Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente da CRE; Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado; Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), vice do grupo Brasil-EUA; Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC). A composição da missão busca representar estados exportadores e diferentes visões políticas em torno da pauta.

Apesar do curto prazo para reversão do tarifaço, a missão acredita que o esforço atual pode mitigar danos e abrir caminho para soluções no médio e longo prazos. A expectativa é de que os encontros em Washington ajudem a conter uma escalada protecionista que já apresenta efeitos negativos nos dois países — inclusive, com aumento de preços ao consumidor e riscos de desabastecimento no mercado norte-americano.

Em outra frente, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou que a entidade pretende liderar uma missão empresarial aos EUA nas próximas semanas, com o objetivo de contribuir para as negociações contra o tarifaço. “Estamos a uma semana da possível entrada em vigor das novas tarifas de 50%, o que acredito e espero que não aconteça — ou que sejam suspensas, ou que tenhamos sucesso no que tanto solicitamos, que é uma prorrogação mínima de 90 dias”, disse Alban, no Fórum Nacional da Indústria.

Apesar da articulação em andamento, ainda não há definição sobre a data da viagem. A previsão era realizar a missão antes de 1º de agosto, mas, segundo o presidente da entidade, dificuldades logísticas devem adiar a viagem em duas ou até três semanas.

“Dever de casa”

No sentido oposto, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, ontem, em entrevista à CNN, que a solução para o tarifaço “não está nos Estados Unidos”. O parlamentar sustentou que, “se o Brasil fizer o dever de casa, acaba a sanção no mesmo dia”. “Se a gente fizer eleições com Jair Bolsonaro nas urnas, não vai ter mais a qualificação, pela maior democracia do mundo, de nos tratar como se fosse Venezuela”, indicou.

Na entrevista, Flávio repetiu o discurso dos aliados do pai de que o Congresso deve votar a anistia para resolver o tarifaço — o que tem sido considerado uma chantagem em detrimento da população e em benefício do ex-presidente. Ele acredita que a comitiva de senadores não obterá qualquer resultado.

“Até entendo a boa vontade de alguns ou de demonstrar um esforço com o segmento que o parlamentar representa”, disse, acrescentando que a comissão está “fadada ao fracasso” e que a anistia seria o único modo de evitar as tarifas.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp