As testemunhas do subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues foram ouvidas na tarde desta terça-feira (15/7) no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele integra o núcleo responsável pela desinformação na trama golpista. De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Giancarlo fazia parte do grupo chamado “Abin paralela”, que produzia e disseminava desinformação contra opositores e realizava ataques virtuais a instituições e autoridades.
Das nove testemunhas de Giancarlo ouvidas na tarde de hoje, apenas uma delas confirmou ter utilizado o sistema first mile dentro da Abin, no entanto, não informou o período e, além disso, disse não ter trabalhado diretamente com o investigado na agência de inteligência.
De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF), o sistema foi utilizado de forma ilegal para monitorar a localização de pessoas, utilizando dados transferidos do celular para as torres de telecomunicações.
“O first mile foi colocado como uma de nossas ferramentas de trabalho. Quando vinha ordem de busca, vinha com o pedido de conhecimento, normalmente as turmas teriam a finalidade de utilizar ela para responder o pedido de conhecimento que foi solicitado”, comentou Tania Serra, servidora da Abin.
“Se eu trabalhei na mesma coordenação, foi uma coordenação ampla. Nunca tivemos um trabalho concomitante. Eu não sei te dizer com certeza se em algum momento estivemos lotados na mesma coordenação, mas nunca trabalhamos juntos ao mesmo tempo”, frisou logo em seguida.
As testemunhas escolhidas pela defesa foram arroladas com o objetivo de desacreditar a versão apresentada pelo procurador-geral, Paulo Gonet, na qual afirma que Giancarlo foi um dos principais operadores do sistema first mile.
Todas as demais negaram ter conhecimento do uso da ferramenta na agência de inteligência e algumas delas informaram, inclusive, que sequer tiveram contato com Giancarlo no período em que ele foi cedido, ainda que trabalhassem no mesmo setor.
Relatórios da PF apontam ainda que Giancarlo realizou mais de 880 consultas no sistema first mile, além de ter produzido dossiês e levantamentos ilegais contra diversas autoridades e opositores. Os investigadores alegam que a ferramenta foi utilizada ilegalmente pela Abin para monitorar os alvos.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Agência Brasil