O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Júlio Danilo afirmou nesta terça-feira (15/7) que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) executou, conforme previsto, o plano de segurança estabelecido para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023. A declaração foi dada em depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ação penal que investiga integrantes do chamado núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado.
Júlio Danilo, que à época ocupava o comando da Secretaria de Segurança Pública do DF, foi indicado como testemunha de defesa pelo delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de omissão durante os ataques de 8 de janeiro.
O depoimento reforçou que, ao menos até sua saída da pasta, os protocolos de segurança vinham sendo seguidos. “A segurança da posse do presidente foi cumprida pela Polícia Militar. A segurança do presidente Lula era responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e na parte deles acredito que também tenha sido cumprida. Mas o planejamento do PAI [Protocolo de Ações Integradas] foi seguido”, garantiu o ex-secretário.
O delegado destacou ainda que, durante todo o período em que chefiou a secretaria, a corporação seguiu rigorosamente o planejamento técnico definido para os eventos oficiais. “No período em que estive, sempre cumpriram o que foi determinado”, acrescentou, ao ser questionado pela defesa de Fernando de Souza Oliveira.
Júlio Danilo deixou o cargo no dia 3 de janeiro de 2023, quando Anderson Torres, também delegado da Polícia Federal, reassumiu a chefia da segurança pública do Distrito Federal. Torres, que estava em viagem aos Estados Unidos no dia 8 de janeiro, figura como réu no núcleo 1 do processo, que inclui Jair Bolsonaro e militares de alta patente acusados de articular a tentativa de golpe.
Sobre sua viagem aos Estados Unidos, o ex-secretário confirmou que sempre comunicou diretamente o governador Ibaneis Rocha (MDB) quando precisava se afastar do cargo para férias ou compromissos oficiais. “Sempre comuniquei o governador. O secretário é subordinado ao governador”, reforçou, buscando afastar qualquer insinuação de informalidade na condução do órgão.
Núcleo 2
Fernando de Sousa Oliveira é um dos seis réus do núcleo 2, grupo descrito pela PGR como núcleo gerencial da tentativa de golpe. Segundo a acusação formal, esse grupo teria coordenado ações e omissões estratégicas para dificultar o reconhecimento do resultado das eleições de 2022 e favorecer a permanência do então presidente Jair Bolsonaro no poder.
Além de Oliveira, o núcleo é composto por Marília Ferreira de Alencar, delegada da Polícia Federal; Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF); Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência da República; Mário Fernandes, general da reserva; e Marcelo Câmara, coronel da reserva do Exército.
A denúncia sustenta que Fernando, Marília e Vasques teriam coordenado o uso institucional de forças policiais, como a PRF, para interferir diretamente no acesso de eleitores aos locais de votação, especialmente no Nordeste, maior reduto eleitoral do presidente Lula. Já Mário Fernandes e Marcelo Câmara seriam responsáveis pela articulação de ações paralelas, como monitoramento e tentativa de neutralização de autoridades públicas, além da interlocução com lideranças radicais envolvidas nos atos golpistas.
Os integrantes do núcleo 2 respondem pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e organização criminosa.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
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