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Gastos sociais para crianças sobem, mas ainda estão abaixo do ideal

Dados do relatório feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com o...

Dados do relatório feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), apontam que o gasto social com crianças e adolescentes subiu de 3,36% em 2019 para 4,91% em 2024. O levantamento analisa a alocação de recursos públicos federais voltados à população de 0 a 17 anos. No entanto, mesmo com o aumento, os percentuais permaneceram abaixo de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Sem considerar a inflação, os recursos foram de R$ 96 bilhões em 2019, para R$ 240 bilhões no ano passado. O pico foi em 2023, com 5,31%. O estudo avalia como esses recursos foram alocados em áreas essenciais para as crianças e adolescentes, como combate à pobreza e assistência social, educação, esporte, habitação, saúde, saneamento, segurança alimentar e proteção de direitos.

De acordo com o levantamento, a maior parte dos recursos foram destinados às políticas públicas de transferência de renda. Ao longos dos 6 anos analisados, os gastos na categoria de investimentos específicos variaram entre 15% a 30% do total. A área de alívio à pobreza e assistência social concentrou o maior volume de recursos, com destaque para a evolução entre 2021 e 2023, quando o valor passou de R$ 54 bilhões para R$ 159 bilhões, em decorrência da expansão do Programa Bolsa Família.

Em 2022, a educação superou a saúde, tornando-se a segunda maior área de investimento dos gastos para essa faixa. Entretanto, a desigualdade social dificultou o acesso equitativo à educação, afetando especialmente estudantes pretos e pardos, indígenas, quilombolas, com deficiência, e residentes em áreas rurais.

A taxa de execução orçamentária — que representa o que o governo efetivamente gasta — dos recursos manteve-se alta durante o período analisado, com exceção de 2020, devido à pandemia de covid-19 — com queda de 83,4%. O pico foi em 2023, com 99,5% mostrando uma queda para o ano seguinte, com 93,2%.

O estudo reforçou que, apesar da recuperação econômica observada no pós-pandemia — com crescimento do PIB, redução do desemprego e aumento da renda das famílias —, medidas de contenção de gastos e as mudanças trazidas pelo novo arcabouço fiscal impuseram desafios adicionais ao financiamento de políticas sociais.

Investimentos

Ao Correio, a chefe de políticas sociais da Unicef, Liliana Chopitea, reforçou a importância do investimento em políticas sociais, principalmente com esforços de ajuste fiscal compatíveis com a proteção dos investimentos sociais voltados à infância e adolescência. ” É muito importante que os recursos sejam alocados agora para garantir esses direitos, para que no futuro essas crianças, quando tenham a idade de trazer um retorno econômico para o país, estejam em condições, tenham as mesmas oportunidades”, disse.

Os números lançados neste ano mostram que existem quase 30 milhões de crianças e adolescentes em pobreza multidimensional. Isso significa falta de acesso à renda e também a outros direitos, como água e saneamento. A especialista espera um aumento real da PLOA 2025 de 1,9% nos subsídios comparado ao do ano anterior. Ela destaca o impacto negativo da falta de investimentos para a população de 0 a 17 anos.

“A primeira infância é a etapa em que se começa o desenvolvimento. Muitas conexões são feitas no cérebro. É muito importante que, neste momento, se aproveite a oportunidade para que as crianças sejam incentivadas, sejam acompanhadas no desenvolvimento, essa é um chave para o futuro”, explica.

O relatório também destaca o crescimento das transferências da União para estados, municípios e o Distrito Federal, que passaram de R$ 62 bilhões em 2021 para R$ 72 bilhões em 2022. Liliana Chopitea ressaltou que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito. “Sem isso, temos um grave risco de transmissão da pobreza intergeracional, sem o investimento, as crianças que têm famílias em situação de pobreza, elas, infelizmente, não conseguirão sair dessa situação”, apontou.

* Estagiário sob a supervisão de Luana Patriolino

Por Revista Plano B

Fonte Agência Brasília

Foto: Bruna Gaston CB/DA Press

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