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Crônica da cidade: O futuro das crianças em jogo

A escola sempre teve lugar especial na minha vida. Deveria ser assim para...

A escola sempre teve lugar especial na minha vida. Deveria ser assim para qualquer criança e adolescente, afinal é lá que passamos a maior parte das nossas infâncias e do início da juventude, período em que moldamos quem somos e qual papel vamos desempenhar no mundo. É claro que a maturidade e algumas mudanças vão ocorrendo ao longo do tempo, diante dos aprendizados acumulados em espaços formais ou não, mas a essência permanece.

Sempre fui uma aluna aplicada, a preocupação com o dia a dia escolar não era algo penoso, pelo contrário. Aprender, criar e escrever me fascinava. A matemática, confesso, nunca foi o meu forte, mas deu para absorver o principal e desenvolver um raciocínio lógico de que ainda tiro proveito quando é necessário cruzar dados, montar escalas de trabalho e vasculhar indicadores e dados públicos para compor reportagens.

Desde que me entendo por gente, percebo na educação o potencial de transformação social. Hoje, tenho mais claro como os fatores socioeconômicos impactam esse cenário e que a meritocracia não passa de falácia quando o que se coloca é uma desigualdade de condições brutal entre os estudantes. Essa avaliação só se consolidou e me permitiu contextualizar tudo aquilo que havia absorvido sobre justiça social nos ensinamentos em casa e na escola depois que tive a oportunidade de estudar numa universidade pública.

Por melhor que possa ser o ensino em instituições privadas, todos deveriam ter a oportunidade de acesso a um ensino público e gratuito de qualidade. Não como privilégio, mas como direito fundamental, garantido em cláusula pétrea da Constituição, inclusive. Estamos a poucos passos de ter, pela primeira vez, uma Política Nacional para a Primeira Infância, essencial para dizermos às nossas crianças que as respeitamos e levamos a sério o futuro e o bem-estar delas.

Sim, até hoje o Brasil não tem uma política que desenhe e guie o que queremos para a infância e que precisamos garantir a todas as crianças para que tenham pleno desenvolvimento — ou pelo menos diminuir o abismo entre elas e seus direitos mais básicos, como saúde, educação e segurança alimentar.

Preocupa muito o que tem acontecido por escolas e universidades em todo o país, e em especial em Brasília, em todos os sistemas de ensino — público e privado — onde a violência emerge em atitudes por vezes misóginas e racistas, outras tantas capacitistas e de preconceito de classe.

São adultos incapazes de sentir empatia e crianças ensinadas a viver no conflito. Nós, pais, temos que estar atentos e vigilantes para ensinar tolerância e respeito como condições inegociáveis da convivência com o outro. O Estado precisa valorizar as escolas e o professor — não apenas com deferências, mas com investimento e plano de carreira —, e todos os cidadãos têm o dever de colocar esses temas também como prioridade em suas comunidades. É o futuro de todos nós que está em jogo.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Ed Alves CB/DA Press

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