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PECs: professora ensina como treinar melhor em academias comunitárias

Os Pontos de Encontro Comunitário (PECs), tradicionais equipamentos públicos espalhados por todo o...

Os Pontos de Encontro Comunitário (PECs), tradicionais equipamentos públicos espalhados por todo o Distrito Federal, ganharam uma nova cara, e função, graças ao olhar técnico e inovador da professora de Educação Física Daniela Nicareta. O que antes era visto como um espaço simples de ginástica ao ar livre, especialmente voltado para idosos, se tornou cenário de treinos eficientes, seguros e acessíveis, com orientação profissional.

Os PECs são conhecidos por serem espaços ao ar livre equipados com diversos aparelhos de ginástica, proporcionando aos moradores uma opção acessível e prática para a realização de exercícios físicos. O objetivo é promover estilo de vida saudável, inclusão, e fortalecer a união entre vizinhos nas regiões administrativas do Distrito Federal. Os equipamentos incluem uma variedade de aparelhos, tais como: multiexercitador com seis funções, simulador de cavalgada, leg press, barra alta giratória com três alturas e rotação diagonal com roda de ombro dupla, entre outros.

Atenta ao potencial destes aparelhos públicos, Daniela desenvolveu um método de exercícios específicos para os PECs, voltado para a melhora do desempenho físico e a prevenção de lesões, que rapidamente chamou a atenção nas redes sociais. Seus vídeos com orientações do uso correto dos aparelhos viralizaram e estão ajudando usuários no DF, e até em outras unidades da Federação, a aproveitarem melhor os equipamentos públicos.

“Eu mesma tinha preconceito com esses aparelhos”, admite Daniela. “Achava que não davam resultado por não usarem carga. Mas quando comecei a estudar o funcionamento deles e a aplicar técnicas como movimentos unilaterais e controle de velocidade, entre outras, vi que era possível evoluir, sim”, explica.  

Da observação à ação

Tudo começou com o convite da prefeita comunitária da 115 Norte, Vera Coradin, apaixonada por atividade física e pela ideia de ocupar os espaços públicos da quadra com mobiliário voltado para a saúde dos moradores. “Sempre gostei de fazer exercício físico e não gostava muito de academias fechadas. Foi, então, que vi muita gente se exercitando ao ar livre durante a pandemia e consegui, com apoio de uma deputada distrital, emenda parlamentar para instalar uma academia comunitária”, conta Vera. Ela acrescenta que a localização da academia, dentro da quadra, oferece mais segurança aos usuários. 

Mas logo veio a preocupação: o possível uso incorreto dos equipamentos por parte da população. Foi aí que Daniela entrou em cena. “Os equipamentos são fáceis de utilizar, mas se a pessoa faz um mau uso, pode se machucar. Então convidei a Daniela para nos orientar”, diz. A educadora não só passou a orientar os frequentadores, como também criou um protocolo específico de treinamento para os PECs. “Eu mesma senti mais resultado depois que comecei a treinar com ela”.

Daniela explica que o diferencial está na adaptação do treino. “Mesmo sem pesos, podemos aumentar a dificuldade com ajustes na técnica. Além disso, comecei a gravar vídeos para ajudar quem não tem orientação e publicá-los na internet. E foi aí que tudo tomou outra proporção”, relata.

Exercício consciente

A iniciativa da educadora física vem transformando o modo como os PECs são percebidos. De espaços subutilizados ou voltados apenas para idosos, os pontos de encontro recebem pessoas de todas as idades, inclusive jovens, e de todos os gêneros.

“Como muitos educadores físicos, eu tinha preconceito em relação aos PECs porque achava que não tinham utilidade. Mas quando eu comecei a dar aulas nesses espaços, comecei a estudar os equipamentos e me apaixonei”, afirma. 

Depois das primeiras aulas presenciais, no entanto, ela achou que seria insuficiente e disse à Vera que gravaria um vídeo para servir como orientação aos alunos. Daniela aproveitou e postou o mesmo conteúdo na internet para ajudar outras pessoas. E foi aí que ela se surpreendeu quando vídeo se espalhou virtualmente. E pensou: se existem pessoas malhando nesses locais, que malhem com cuidado. “Muitas vezes, pela falta de informação, algumas pessoas inventam exercícios”, alerta. 

O objetivo da professora é conscientizar as pessoas de realizar o exercício da maneira correta para realmente ter resultado e cuidar da saúde. De acordo com ela, o PEC pode ser o início de uma vida ativa e saudável para muita gente, especialmente em comunidades que não têm acesso fácil a academias convencionais. “No começo, eu oriento os meus alunos a fazerem sem carga para aprender a realizar o movimento e entender como é a utilização correta de cada equipamento. Depois, podemos usar caneleiras com pesos para trazer mais carga para o aparelho”. 

Para a professora, o método idealizado por ela a ser utilizado nos PECs segue o mesmo princípio utilizado em academias tradicionais. “Não existe lugar adequado para se malhar, existe o treinamento adequado a se fazer”, ensina. E completa: “depois da repercussão dos meus vídeos, as pessoas estão se informando cada vez mais e conseguindo resultados melhores e livres de lesões”, comemora. 

Qualidade de vida

Para Maria de Lourdes Rezende, moradora da Asa Norte e frequentadora assídua da academia ao ar livre, os benefícios vão além do físico. “Minha saúde melhorou muito, tanto no corpo quanto na mente. Venho todos os dias e recomendo demais. A academia comunitária virou minha terapia”, conta, orgulhosa.

E é exatamente essa sensação que motiva o trabalho de Daniela: democratizar o conhecimento e fazer com que mais pessoas possam treinar com segurança, seja onde for. “Se tem equipamento, tem saúde. Basta usar do jeito certo”, conclui a professora.

Estrutura e investimento público

Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), responsável pela instalação dos equipamentos públicos na capital, o DF conta hoje com:

  • 801 Pontos de Encontro Comunitário (PECs)
  • 246 academias ao ar livre (Complexos Multi Exercitadores)
  • Mais de mil conjuntos de parques infantis
  • Quase 13 mil equipamentos públicos de lazer e esporte

O custo médio para a instalação de uma base de PEC, varia, mas fica na casa dos R$ 120 mil. Além disso, um conjunto com 10 equipamentos básicos para uma base de PEC custa cerca de R$ 26 mil. Esse valor inclui os equipamentos básicos, como balanço duplo, escorregador, gira-gira, gangorra cruzada e escalada.

Somente em 2023, o governo do DF investiu R$ 251 mil na manutenção dessas estruturas. No primeiro semestre do ano passado, foram empregados mais de R$ 112 mil. E um novo contrato de cinco anos, por meio do Pregão Eletrônico nº 037/2025, deve reforçar a conservação preventiva e corretiva dos PECs e parques infantis.

Preservação

A Novacap lembra que a manutenção é constante, com equipes atuando “de forma rotineira e contínua, sendo realizadas intervenções todos os dias”, mas que o apoio da população é essencial. “A comunidade pode ajudar denunciando vandalismo e solicitando manutenção pelo portalcidadao.df.gov.br ou presencialmente nas administrações regionais”. Após o registro, avisa, a solicitação é encaminhada para vistoria técnica e, caso seja confirmada a necessidade da intervenção, transforma-se em Ordem de Serviço. 

Entre os principais problemas constatados pelas equipes de manutenção, estão: adultos em equipamentos exclusivos para crianças, excesso de pessoas ao mesmo tempo em um equipamento e vandalismo criminoso (peças arrancadas, retorcidas e danificadas propositalmente). 

Por Revista Plano B

Fonte Jornal de Brasília  

Foto: Afonso Ventania

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