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Terapia comunitária oferece escuta ativa e acolhimento a mulheres da área rural

Com espaço de acolhimento, escuta ativa e fortalecimento de vínculos, o projeto Educação...

Com espaço de acolhimento, escuta ativa e fortalecimento de vínculos, o projeto Educação em Saúde – Terapia Comunitária Integrativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) busca contribuir com a saúde mental da população rural. A iniciativa é promovida uma vez por mês com apoio de terapeutas voluntários, com foco no bem-estar feminino, mas aberta à participação de todos.

A ação surgiu no final de 2021, durante o 7º Encontro de Mulheres Rurais, e registrou 32 encontros no ano passado, com participação de 65 pessoas. Atualmente, são atendidas as comunidades Quebrada dos Neres e Café sem Troco (Paranoá), Assentamento Márcia Cordeiro Leite, Tabatinga e Taquara (Planaltina), Vargem Bonita (Park Way), Catingueiro (Fercal), Assentamento Antônio Júlio e Aguilhada (São Sebastião).

“É um projeto voltado para a valorização da comunidade no sentido de escuta, em que quem quiser, sem objeção, pode trazer suas questões e conversar”, ressalta a gerente de Desenvolvimento Sociofamiliar da Emater-DF,  Sheila Nunes. “As pessoas acabam ficando muito fechadas na sua unidade familiar, e essa é uma forma de criar novos laços. Assim, a Emater-DF proporciona momentos não só de trabalho e assistência técnica, mas também do olhar para o lado humano da agricultura, cuidando da saúde mental das famílias.”

Na quarta-feira (18), o encontro ocorreu no Assentamento Márcia Cordeiro. “Às vezes, a gente fica em casa sozinho, sem conversar, e aqui podemos nos abrir. Podemos escutar a outra pessoa e pensar: ‘não sou só eu que tenho problema’. Nos aproxima da comunidade”, conta a agricultora Geralda da Silva Souza, 73 anos.

Uma das fundadoras do assentamento, ela revela que a terapia tem mudado sua relação com questões cotidianas. “Aqui, a gente fala, escuta as outras e sai com algo novo no coração. Me sinto muito acolhida, e vou voltar nos próximos”, conta Geralda, que faltou em outras ocasiões por motivos de saúde. “Já me falaram que nos próximos vão me buscar em casa, para não faltar mais”.

Há cerca de três anos morando na comunidade, a agricultora Wedja Conceição Santos, 43, também elogia a iniciativa. “É muito produtivo para a minha saúde mental. A gente não tem condições de ir a um psicólogo, então essa terapia é maravilhosa. Sempre estou presente porque gosto de expor o que está preso dentro de mim. Tem coisa que não consigo falar para ninguém, mas aqui me sinto bem para pedir ajuda”, afirma.

Assim como Geralda, ela produz alimentos para comercialização e subsistência com apoio técnico da Emater-DF. “Temos produtos de caixaria, como quiabo, maxixe, pimentão, tomate, e criamos galinha para nosso consumo. A Emater-DF sempre acompanha, dá dicas, mostra os produtos novos, estão sempre nos capacitando. Quem sabe aproveitar essa ajuda tem muito benefício”, comenta.

Conversa

Criada na década de 1980, a Terapia Comunitária Integrativa é considerada uma abordagem psicossocial pelo Ministério da Saúde e visa à construção de redes sociais solidárias e fortalecimento da saúde mental. “É um espaço de partilha das inquietações, das coisas que estão incomodando e também das superações, do que tem a ser comemorado. É um trabalho que faz parte do SUS [Sistema Único de Saúde] e está presente no Brasil e no mundo”, explica a terapeuta comunitária Perlucy Santos.

Os encontros seguem uma metodologia em que os temas abordados são levantados pelos participantes. “Lançamos a pergunta do que querem trazer para a conversa, e cada um conta suas histórias. Perguntamos se alguém já viveu algo parecido e o que fizeram para lidar com a situação, depois temos o momento de dizerem o que estão aprendendo com aquilo e o que vão levar para a vida”, esclarece Santos.

Segundo Sandra Evangelista, técnica em economia doméstica da Emater-DF, a empresa pública trabalha para impulsionar o bem-estar da comunidade rural em diferentes eixos: “Temos políticas públicas para mulheres e para famílias rurais. Como a mulher costuma ser a representante dessas famílias, propomos essa parceria com os terapeutas comunitários para facilitar o acesso das comunidades a esse tipo de serviço. Também temos outras ações e orientações relativas à saúde da família, do trabalhador e da comunidade”.

Por Revista Plano B

Fonte Agência Brasília

Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

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