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Especialistas falam dos riscos de gripe aviária na compra de aves vivas

A gripe aviária voltou a preocupar o Distrito Federal após a confirmação, na última segunda-feira...

A gripe aviária voltou a preocupar o Distrito Federal após a confirmação, na última segunda-feira (16/6), de mais um caso. A doença apresenta baixo risco de transmissão para humanos por meio da alimentação, mas o contato direto com animais infectados pode representar perigo. O alerta não é apenas para os avicultores, responsáveis pela criação de aves, mas também para os consumidores acostumados a comprar galinhas vivas, principalmente em feiras populares.

“Nesses locais, não se tem o controle sobre a origem ou a condição dessas aves. O problema maior não está na carne ou nos ovos, mas no contato direto com aves vivas doentes”, explica o professor Cristiano Melo, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Brasília (UnB)

Ele reforça que, mesmo o Brasil voltando a ser um país livre da influenza aviária — após ter cumprido os protocolos internacionais, conforme anúncio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na quarta-feira —, o ideal é adquirir apenas produtos inspecionados. “A prioridade é para alimentos que passam por uma checagem rigorosa do Mapa e da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), que garantem segurança contra a gripe aviária e outras doenças”, explicou.

De acordo com o Ministério da Saúde, aves infectadas transmitem o vírus por meio da saliva, secreções de mucosas e fezes. Em humanos, a infecção pode ocorrer especialmente ao inalar gotículas contaminadas ou ao tocar superfícies com o vírus e, em seguida, levar a mão aos olhos, boca ou nariz.

Cristiano Melo acrescenta que a transmissão entre pessoas é rara, uma vez que o vírus não se sustenta nesse tipo de contágio. “O perigo está nas pessoas que lidam diretamente com aves vivas infectadas, como os profissionais que tiveram contato com os animais no zoológico”, afirmou o especialista.

A Secretaria de Saúde do DF informou que 13 pessoas estão sendo monitoradas após contato com o animal contaminado, mas nenhuma apresentou sintomas até o momento.

Humanos que contraem a doença apresentam febre alta e tosse seguida de falta de ar ou desconforto respiratório. Diarreia, vômito, dor abdominal, sangramento do nariz ou gengivas também podem ser relatados. O Ministério da Saúde informa que o tratamento é feito com antivirais, preferencialmente nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. Em casos graves, pode haver pneumonia, insuficiência respiratória, falência de múltiplos órgãos e infecções secundárias.

Fiscalização

O caso mais recente foi identificado em uma emu — ave nativa da Austrália — no Zoológico de Brasília, depois de apresentar sintomas neurológicos. O diagnóstico, feito pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária, do Mapa, marca o segundo caso registrado da doença no DF. O primeiro envolveu um irerê encontrado morto no mesmo local. 

Segundo a Seagri, os principais sintomas da gripe aviária em aves incluem dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, incoordenação motora, torcicolo e diarreia. Em caso de suspeita, a orientação é acionar um médico veterinário imediatamente e evitar o manuseio do animal, para conter a disseminação do vírus.

Prevenção

Como prevenção na avicultura comercial, é recomendado o uso exclusivo de aves de linhagens comerciais, mesmo para criações caipiras ou voltado para o autoconsumo, além da instalação de telas nos galpões, para evitar o contato com aves silvestres e aquáticas, identificadas como principais vetores de transmissão.

Fabiana Fonseca, engenheira agrônoma especializada em produção de aves, explica que o novo caso é motivo de alerta para que as autoridades continuem respeitando as orientações das entidades competentes. “Com a confirmação desse novo caso, permanecem em vigor as medidas previstas no plano de contingência do Mapa, que são aplicadas em todo o território nacional”, explica. As medidas envolvem a desinfecção do local e eliminação de carcaças e resíduos. 

O Seagri informou que, como medida de contenção, o recinto onde estava a ave contaminada passou por higienização e desinfecção. Além disso, as visitas ao zoológico seguem suspensas por tempo indeterminado. A pasta ainda afirmou que o Serviço Veterinário Oficial do DF intensificou a fiscalização em áreas de risco, especialmente em propriedades próximas a granjas comerciais, lagos, barragens e parques. Os locais são considerados estratégicos no trânsito de aves silvestres, possíveis vetores da doenças. 

De acordo com o Painel de Investigação da Síndrome Nervosa das Aves, do Ministério da Agricultura, há atualmente oito casos em investigação no Brasil e outros oito já confirmados, influindo registros no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e no DF. 

Os episódios não afetam o comércio exterior. Para as exportações de frango do Brasil, são levados em consideração apenas casos em granjas comerciais.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense       

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

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