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Hospitais de Sobradinho e do Gama serão referência no tratamento do AVC

O CB.Saúde recebeu a cardiologista Edna Maria Marques, secretária-adjunta de Assistência à Saúde da Secretaria...

CB.Saúde recebeu a cardiologista Edna Maria Marques, secretária-adjunta de Assistência à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Às jornalistas Adriana Bernardes e Jaqueline Fonseca, a especialista afirmou que, em um prazo de seis meses, há a previsão de que todos os hospitais regionais sejam credenciados como centros de referência no atendimento de pacientes vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), assim como o Hospital de Base e os hospitais de Sobradinho e do Gama, que foram os mais recentes. “Em dois meses, conseguimos habilitar Sobradinho e Gama e, em seis, esperamos conseguir habilitar todos os hospitais”, afirma Edna, que também explica como é a capacitação da equipe e também os fatores de risco da ocorrência do AVC e a necessidade de velocidade da sua identificação e tratamento.

A Secretaria de Saúde está com um projeto novo de descentralização de vítimas de AVC. Explique como será.

O AVC é tempo-dependente: quanto mais rápido seu diagnóstico e tratamento, menos chances de mortalidade. Diminuindo as chances de mortalidade, diminuem também as complicações, que são clínicas. O paciente pode ficar sem fala, sem locomoção, ou até mesmo contido em um leito de hospital ou de casa. 

Até então, apenas o Hospital de Base era referência em tratamento para AVC. De que forma esses dois novos centros foram preparados para receber esses pacientes?

Atualmente, os hospitais de Sobradinho e do Gama tiveram a capacitação de todos os clínicos. Também redesenhamos o fluxo do paciente. Quando chegar à triagem, quem está triando, seja enfermeiro ou outro colega da equipe, terá que saber identificar se esse paciente pode estar tendo um infarto. Automaticamente, esse paciente vai diretamente ao contato com o médico, que vai fazer um exame físico e falar com o paciente. Se tiver uma suspeita de AVC, ele vai direto para a tomografia. Então, encurtamos caminhos. Após a tomografia, não se espera laudos, porque, através do aplicativo, enviamos o resultado imediatamente para o neurologista do Hospital de Base, que já confirma o tratamento e começa a discussão do caso.

Há planejamento para ampliar esses pontos de atendimento? Qual o prazo e quais hospitais devem, também, tornar-se referência?

Esperamos que todos os hospitais regionais, em seis meses, no máximo, estejam capacitados para receber esses pacientes. Hoje em dia, eles chegam aos hospitais regionais e fazem tomografia, mas quando precisam da medicação, são transferidos. O que queremos fazer de diferente é isto: não queremos só o diagnóstico, queremos o tratamento mais rápido possível. Para fazer uma analogia, hoje em dia, o infarto do miocárdio é atendido em todos os hospitais, postos de emergência e em todas as Upas, através, inclusive, da telemedicina. Então, o colega que está lá, seja o clínico ou o plantonista, recebe o paciente, avalia e, através desse aplicativo chamado join, envia para o especialista que está no Hospital de Base, que orienta toda a condição. Esperamos que todos os hospitais estejam habilitados para fazer esse tratamento em curto período. Em dois meses, conseguimos habilitar Sobradinho e Gama e, em seis, esperamos conseguir habilitar todos os hospitais. 

Ultimamente estamos vendo mais casos de jovens morrendo por conta de AVCs. Isso não era tão comum um tempo atrás. Existe uma razão para isso estar acontecendo? O que podemos fazer para nos proteger?

Temos vários fatores. Um deles é o uso de anabolizantes, que leva à injúria — ou lesão—, do vaso, o que pode formar um coágulo. Não é preconceito, é cuidar da saúde: não usem anabolizante. Outra coisa são os energéticos quando misturados com bebida alcoólica. Estamos correndo com o tempo, estamos cansados. Energético misturado com bebida alcoólica é ruim, tanto em relação ao AVC, quanto ao infarto e outras arritmias também. É importante também que as mulheres que usam anticoncepcionais não fumem. Infelizmente, chegam aos nossos hospitais várias mulheres jovens que, quando vamos saber o porquê teve esse infarto, um fator de risco é uso de anticoncepcional e cigarro. Isso vale principalmente para o AVC. 

Em casos de AVC, às vezes, o adulto está só com uma criança em casa e essa criança não tem conhecimento sobre o AVC. Tem algum trabalho que é feito de conscientização nas escolas? Como é esse
trabalho de educação?

Há um projeto em desenvolvimento, chamado AVC nas Escolas, para levar para crianças, ludicamente, em forma de super-heróis, esse conhecimento, para que essas crianças também possam ser super heróis em suas famílias. Tem um vídeo muito legal, que vamos passar em todas as escolas, sobre quais são os sintomas e sinais de um AVC e, quando foram notados os sinais, sobre o que fazer. Vamos ensinar a ligar para o Samu, bombeiros ou chamar outro adulto. É muito importante essa educação continuada, porque essas crianças podem realmente ser heróis, em nossas casas e nas casas de todos.

Esse projeto tem data para começar? E por quais escolas irá passar?

É uma parceria da Secretaria de Educação com a de Saúde e estamos começando a ver tudo que será necessário. Porque inclui material, profissionais da área de saúde, que irão até as escolas, não só neurologistas, mas fisioterapeutas, nutricionistas. Também iremos abordar os fatores de risco, isso é muito importante. Porque sabemos que o tratamento hoje é multidisciplinar, precisa do neurologista, mas precisa também do nutricionista, precisa em algum momento de cardiologista e fisioterapeuta, principalmente falando sobre sequelas, que precisamos reabilitar. Então, às vezes, é necessário até um fonoaudiólogo, ou de um gastrologista. Precisamos de toda essa equipe multidisciplinar.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense       

Foto: Guilherme Felix CB/DA Press

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