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Alzheimer: a importância da avaliação precoce dos sinais iniciais do quadro

Dificuldades eventuais de memória são comuns no envelhecimento. No entanto, quando esquecimentos se...

Dificuldades eventuais de memória são comuns no envelhecimento. No entanto, quando esquecimentos se tornam frequentes, progressivos e interferem nas atividades diárias, podem indicar o início de um processo neurodegenerativo.

Identificar precocemente os sinais do Alzheimer permite iniciar o acompanhamento clínico de forma oportuna e preservar a qualidade de vida do paciente.

Déficits cognitivos iniciais: mais do que lapsos de memória

A doença de Alzheimer caracteriza-se, inicialmente, por alterações sutis na memória episódica, especialmente a capacidade de reter novas informações. Os sinais iniciais podem incluir:

  • esquecimento recorrente de eventos recentes;
  • repetição de perguntas ou histórias em curtos intervalos;
  • dificuldade em acompanhar conversas ou instruções sequenciais;
  • esquecimento recorrente de objetos ou compromissos.

Esses déficits tendem a ser mais evidentes em tarefas que exigem memória de curto prazo e atenção, afetando a autonomia do indivíduo de maneira progressiva.

Alterações comportamentais e neuropsiquiátricas

Além do comprometimento cognitivo, o Alzheimer pode apresentar sintomas comportamentais e emocionais. Entre os mais frequentes:

  • apatia ou perda de iniciativa;
  • alterações de humor, como irritabilidade ou depressão;
  • comportamento desconfiado ou paranoide;
  • dificuldade em lidar com mudanças na rotina;
  • redução da capacidade de julgamento ou tomada de decisões.

Estes sinais são, muitas vezes, percebidos primeiro pelos familiares e cuidadores próximos.

Avaliação neurológica: um passo essencial

O diagnóstico precoce do Alzheimer é clínico e deve ser realizado por um especialista, com base em:

  • entrevista detalhada com o paciente e familiares;
  • testes neuropsicológicos padronizados;
  • avaliação funcional das atividades de vida diária;
  • exames laboratoriais para exclusão de outras causas (como distúrbios tireoidianos ou carência de vitaminas);
  • neuroimagem (ressonância magnética ou tomografia), quando indicado.

A detecção precoce também permite diferenciar o Alzheimer de outras causas de demência, como demência vascular e demência por corpos de Lewy.

Intervenção precoce: impacto no prognóstico

Embora a doença de Alzheimer não tenha cura, o diagnóstico em estágios iniciais oferece múltiplos benefícios:

  • introdução precoce de terapias medicamentosas e não medicamentosas;
  • planejamento familiar e suporte psicossocial estruturado;
  • redução de riscos de eventos adversos relacionados à perda de autonomia;
  • maior tempo de preservação da função cognitiva com intervenções multidisciplinares;
  • participação em pesquisas clínicas.

Ainda que sua causa seja desconhecida, alguns fatores de risco podem estar atrelados ao desenvolvimento da doença, como: idade, histórico familiar, fatores genéticos, doença cardiovascular, obesidade, diabetes e tabagismo.

Conclusão

A identificação dos sinais precoces do Alzheimer é uma etapa fundamental no cuidado neurológico do idoso. Ao menor indício de alteração de memória, linguagem ou comportamento, recomenda-se procurar avaliação especializada. O acompanhamento contínuo, aliado a estratégias terapêuticas personalizadas, pode fazer grande diferença na trajetória da doença.

*Artigo escrito pelo neurologista Wyllians Vendramini Borelli (CRM 42970 | RQE 42127) do Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre (RS)

Por Revista Plano B

Fonte CNN Brasil

Foto: Freepik

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