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quinta-feira, abril 24, 2025

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Brasília é a sede da única startup de educação espacial do Brasil

Brasília tem se firmado, cada vez mais, como um celeiro fértil de inovação do...

Brasília tem se firmado, cada vez mais, como um celeiro fértil de inovação do Brasil. Berço de grandes empresas inovadoras, a capital do país conta com 1,2 mil startups, como a Ideia Space, única do Brasil a ter enviado um satélite orbital para o espaço. Criada por quatro brasilienses com menos de 30 anos em 2022, a empresa oferece cursos focados na temática espacial para crianças, adolescentes e adultos, com o intuito de buscar soluções criativas e tecnológicas para diferentes problemáticas.

Nascido no Hospital Universitário de Brasília (HUB), um dos fundadores da startup, Leonardo Souza, 29 anos, foi o primeiro de sua geração na família a nascer na cidade, o que gerou um sentimento de pertencimento que reflete no trabalho desenvolvido na empresa. “A cidade faz parte da minha vida e da minha rotina. Fui criado no Entorno, na Cidade Ocidental, morei um tempo no Gama e hoje sou morador da Asa Norte. Estudei na UnB, onde tem laboratórios e projetos incríveis para quem quer seguir o caminho que segui”, ressalta. “Brasília é um dos principais polos de desenvolvimento que a gente pode ter no setor espacial brasileiro. Tive oportunidade de visitar empresas fora do Brasil, e tudo que eles têm dentro da empresa a gente tem nos laboratórios dentro da Universidade de Brasília”, acrescenta. 

Um projeto social desenvolvido pelos quatro fundadores em uma casa de acolhimento no Distrito Federal inspirou a fundação de uma startup de educação focada na temática espacial. “Ministramos o curso para as crianças e, no início, perguntamos aos alunos o que eles queriam fazer quando crescessem. A maioria respondeu que queria ser policial, advogado ou delegado. No fim, perguntamos novamente, e todos eles passaram a acreditar que podiam se tornar engenheiros e cientistas”, conta Leonardo Souza.

Pelo menos 430 alunos de escolas públicas da capital do país foram contemplados com cursos de introdução à tecnologia espacial ministrados pela Ideia Space, graças a uma parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). 

Por meio dos cursos e soluções espaciais criadas, a startup atua como instrumento cultural transformador e emancipador. Lançar um satélite ao espaço era algo inimaginável para o morador do Itapoã Cauã dos Santos, 18 anos. O jovem conheceu a Ideia Space em agosto de 2024, quando os representantes da empresa foram ministrar o curso de educação espacial no Centro Educacional Darcy Ribeiro, do Paranoá, onde Cauã cursava o ensino médio. “Para mim, isso era uma coisa muito distante da minha realidade. Mas no meio do ano passado, eles foram à minha escola e trouxeram esse curso, que durou de agosto a dezembro”, relembra. 

Cauã concluiu o ensino médio em 2024 e foi aprovado no Programa de Avaliação Seriada (PAS) para o curso de relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB). Por ter sido um dos alunos mais interessados e dedicados do curso ministrado pela Ideia Space, foi convidado para trabalhar na empresa, e hoje é um dos estagiários da equipe. “Como a empresa tem parceria com vários países, existe a oportunidade de aprender a minha própria profissão, além de trabalhar com marketing, vendas e redes sociais”, conta.  

Soluções e parcerias

Uma das soluções desenvolvidas por alunos do curso de educação espacial foi um projeto para mitigar idas desnecessárias ao hospital. “A ideia é fazer o monitoramento de umidade aqui em Brasília e enviar alertas de hidratação via satélite para pessoas em locais com menor índice de umidade”, conta Leonardo. 

Por meio de parceria com o governo federal, a empresa leva o curso de forma gratuita a alunos de escolas públicas. “O curso é voltado a jovens de ensino fundamental II, ensino médio e até mesmo ensino superior. Mas também temos soluções de educação espacial que podem ser aplicadas para o ensino fundamental I e o infantil”, detalha o fundador. “Conseguimos fazer com uma criança de 10 anos possa dizer todos os subsistemas de um satélite de maneira perfeita. Naquela idade, ele não tem capacidade cognitiva para criar a solução da missão, mas ele consegue entender os conceitos básicos de uma engenharia de sistema, e isso acaba sendo uma semente importante para que a gente consiga ter mais alunos interessados em ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, acrescenta.

Ainda em 2025, por meio das parcerias da startup com empresas e governos ao redor do mundo, haverá o lançamento de mais oito satélites ao espaço. “Já estamos desenvolvendo um trabalho árduo para colocar mais satélites em órbita no ano que vem. Temos conversas promissoras com países do continente africano e também na América Latina. Em breve, estaremos atendendo quase todos os continentes”, ressalta Leonardo. 

“Temos orgulho de falar que somos uma empresa nascida e criada em Brasília há menos de três anos. Nosso colaborador mais velho tem 30 anos de idade. Somos uma equipe jovem e com histórias diversas que nos dão a oportunidade de construir coisas incríveis em conjunto”, destaca o fundador. 

Por Mila Ferreira do Correio Braziliense

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense

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