Sempre que uma morte acontece, somos lembrados de que a vida acaba. Todos morreremos. As pessoas que você mais ama morrerão. Você também vai morrer. Para qualquer ser vivo, a morte é um evento inevitável.
A morte não é o avesso da vida – ela é o seu final. O oposto de morrer não é viver, mas nascer. Já no nascimento você começa a trilhar o caminho que o conduzirá ao falecimento – o tempo que houver entre esses dois instantes é o que chamamos de vida.
A consciência da própria extinção é uma das características que nos torna humanos. Só em nossa espécie os indivíduos sabem que seus dias estão contados. Trata-se de uma clarividência terrível.Diante desse veredito incontornável sobre a brevidade atroz da nossa existência, Albert Camus cunhou sua famosa frase: “Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio”.
Eis o questionamento ontológico: por que continuar existindo se vamos deixar de existir a qualquer momento?
Diante desse imperativo biológico, e desse impasse existencial, a única decisão possível, se tanto, para cada um de nós, frente à nossa própria finitude, é como queremos viver – e como desejamos morrer. Esse é o único controle que podemos ter sobre a fortuidade da existência humana – nos colocarmos como sujeitos ativos, e não como objetos passivos, daquilo que nos acontece.
De um lado, é preciso viver a melhor vida possível. Experimentar prazeres, viver alegrias, espalhar sorrisos, criar e compartilhar o maior número possível de momentos felizes. Talvez esse seja o único sentido da vida humana: viver bem, consigo mesmo e com os outros, pelo tempo que der.
Por Adriano Silva
Foto: Renato Parada/Divulgação / Reprodução Veja