Brasília se despediu da pioneira Elcy Paiva Meireles nessa segunda-feira. O velório foi realizado no Santuário Nossa Senhora de Fátima – Freis Capuchinhos, na 906 Sul. Familiares, amigos e conhecidos compareceram ao templo para prestar as últimas homenagens a uma das figuras mais queridas da capital.
Dona Elcy, como era chamada, faleceu aos 94 anos, no domingo, devido a uma parada cardiorrespiratória. Ela estava internada no Hospital Sírio-Libanês de Brasília. A pioneira estava enfrentando problemas de saúde nos ultimos tempos.
Nascida em Tupaciguara, Minas Gerais, Elcy fez de Brasília um lar para ela e família que construiu com o marido Cleto Meireles, empresário da construção civil, que também já faleceu. Fica a saudade para as três filhas: Cleucy Estevão, Claudia Meireles e Paulo César; o genro, o ex-senador e empresário Luiz Estevão; e os dez netos e 11 bisnetos.
Para o Jornal de Brasília, Claudia Meireles, contou que a mãe sempre foi uma pessoa muito calma e gentil com todo mundo e por isso em sua partida, muitas pessoas se comoveram e foram se despedir no velório e na missa de sepultamento, que aconteceram no Santuário.
Elcy chegou em Brasília em 1968, com o esposo Cleto. Claudia lembra que eles vinham de Goiânia para a cidade que estava em plena construção. “Os pioneiros, todos estavam se conhecendo, e minha mãe fazia amizade muito fácil, muito rapidamente, porque é uma pessoa muito dócil, sempre com uma palavra doce para todos”, contou Claudia. Ela contou que Elcy amava estar presente nessa construção da capital e de fazer parte da sociedade que estava se formando. “Porque pessoas do Brasil inteiro estavam vindo para cá. E ela é mineira e se adaptou muito bem em Brasília”.
A filha descreveu amorosamente que Elcy nunca falou mal de ninguém. “Ela é uma mãe maravilhosa, sempre cuidou muito dos filhos, sempre foi amorosa. Eu nunca recebi uma bronca na minha vida. É um privilégio ter uma mãe que não dá bronca”, refletiu. Claudia lembra que a mãe também era uma pessoa que gostava de estar bem arrumada nos eventos da capital. “Ela era muito vaidosa”, contou com carinho.
Elogios e saudade são coisas que ficam e vão marcar a família, porque Claudia destacou que Elcy foi sempre uma avó muito carinhosa com os netos e bisnetos. “Ela era muito amorosa e a gente sempre retribuiu esse amor, porque era algo muito latente. Vai ser muito difícil suportar essa falta agora, mas só o tempo vai nos ajudar”, finalizou.
Janete Vaz, fundadora do laboratório Sabin, esteve presente no velório, para se despedir da cliente e amiga Elcy. “Ela era uma pessoa muito querida, muito leve, muito amada pela família e pelos amigos, e deixou o legado dela”, afirmou. Janete considera que a essência de Elcy vai permanecer com a família. “Eu agradeço a oportunidade que Deus me deu de conviver com ela e eu falo que uma pessoa que vive 94 anos, foi uma pessoa muito abençoada”.
O presidente da Companhia Energética de Brasília, Edison Garcia, afirmou que dona Elcy fez parte da vida dele. Edison também esteve na cerimônia de despedida e contou que conheceu a família da pioneira na 105 Sul, quando era menino. “Nós moravamos no mesmo bloco que dona Eucy e Seu Cleto Meireles. E eu me lembro que ela foi quem me mostrou a primeira TV colorida que eles receberam”, relembrou. Emocionado, ele destacou que foi a primeira televisão do prédio para a Copa de 1970. “Realmente é uma perda muito grande e muito sentida, porque se perde um pouco da nossa história, da nossa vida, daquilo que realmente fez parte da história de Brasília”, comentou. Mas para ele, ficam essas e outras boas recordações.
Luiz Estevão fez o discurso em nome da família, na missa de sepultamento e se emocionou ao falar da sogra. Para ele, não existem palavras que estejam à altura de Elcy, uma mulher que nunca criticou ninguém e nunca teve queixas na vida. “Ela sempre foi uma fonte de força, inspiração e alegria para todos nós. É impossível corresponder a tudo que ela deu por nós”, discursou. Para finalizar, Estevão afirmou que a família toda estava presente com ela, antes dela falecer no domingo.
Depois da cerimônia, o corpo de Elcy seguiu para sepultamento no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Por Amanda Karolyne do Jornal de Brasília
Foto: Amanda Karolyne / Reprodução Jornal de Brasília